Descobrindo Washington Parte 1 – Seattle e Woodinville

Domingo, 31 de julho de 2016

Já faz alguns anos que venho provando vinhos de Washington que (quase) sempre me impressionam pela alta qualidade aliada a bons preços, não importando a faixa.


Com o passar do tempo, me tornei um grande fã dos vinhos desse Estado do noroeste norte-americano, e que não deve ser confundido com a capital Washington D.C..


E a curiosidade de explorar as sub-regiões de Washington e provar in loco seus vinhos surgiu e foi aumentando... Assim, juntamente com minha família, visitei recentemente Washington e diversas sub-regiões vitivinícolas, aproveitando também para uma incursão ao Estado vizinho do Oregon.

Como mencionamos em post anterior, a parte oeste do Estado se caracteriza por florestas de pinheiros e montanhas cobertas de neve, com um clima bem frio, contando apenas com uma AVA (American Viticultural Aerea), Puget Sound, de pouca importância.


As demais, e principais, áreas vinícolas se encontram no leste do Estado, separado do oeste pelas cadeias de montanhas Cascade e Olympics, possuindo um clima seco, quase desértico e com baixo índice pluviométrico.

No entanto, muitas vinícolas mantêm suas sedes na parte oeste, perto de Seattle, principalmente em Woodinville (a apenas meia hora do centro de Seattle), por razões históricas: nos primórdios da produção de vinho em Washington, nas décadas de 1960 e 1970, não havia infraestrutura adequada no longínquo leste do Estado. Já outras vinícolas mais novas, mantêm tastings rooms no oeste, principalmente em Woodinville. Trata-se de uma estratégia de promoção e venda de seus vinhos, já que a maior parte da população do Estado reside na economicamente pujante parte oeste do Estado (Boeing, Microsoft, Nordstrom, Starbucks e Amazon são apenas algumas companhias com sede na região).


Iniciamos, assim, nossa jornada por Seattle, uma bela metrópole com uma linda paisagem, bons museus e interessante cena gastronômica. Além dos clássicos programas turísticos (visitas à Space Needle com direito a almoço no restaurante giratório, Pike Market, Museu de História Natural etc), visitamos ainda duas Urban Wineries em Seattle e uma vinícola em Woodinville.

A primeira vinícola que visitamos foi a Lost River Winery. Fundada em 2002, a vinícola produz diversos vinhos a partir de vinhedos de parceiros, muitos reconhecidos por sua altíssima qualidade como, por exemplo, o Pepper Bridge Vineyard em Walla Walla. Sua sede, e onde são produzidos seus vinhos, se localiza na pequena cidade de  Winthrop, no oeste do Estado. A vinícola mantém um Tasting Room em Seattle (2003 Western Avenue #100) pertinho do Pike Market.


Lá tivemos um belo panorama dos vinhos de Washington, inclusive provando vinhos de varietais pouco usuais no Estado. Provamos os seguintes vinhos da Lost River Winery: 2013 Columbia Valley Chardonnay, 2013 Columbia Valley Rain Shadow (60% Semillion, 40% Sauvignon Blanc), 2012 Horse Heaven Hills Barbera, 2012 Wahluke Slope Nebbiolo, 2011 Columbia Valley Cedarosa (45% Cabernet Franc, 55% Merlot), 2012 Columbia Valley Cabernet Sauvignon e 2011 Walla Walla Valley Syrah. Destes, nossos preferidos foram os dois brancos e o potente Cabernet Sauvignon, de uma das melhores safras recentes de Washington.


A segunda Urban Winery visitada foi a The Tasting Room Seattle, também nas cercanias do Pike Market (1924 Post Alley), e que não é propriamente uma vinícola, mas sim um cooperative tasting cellar, isto é, um local mantido por diversos pequenos produtores de Washington para apresentar e promover seus vinhos de produção limitada.


Seguindo os conselhos do atendente, optamos por degustar vinhos de produtores variados. Provamos quatro vinhos: NHV 2013 Naches Heights Pinot Gris Strand Vineyard, Willis Hall 2012 Viognier Columbia Valley, Camaraderie Cellars 2009 Yakima Valley Tempranillo e, por fim e o que gostamos mais, Wilridge Winery 2013 Wahluke Slope Cabernet Sauvignon Doc Stewart VIneyard.

 Dois dias depois, visitamos em Woodinville (a apenas meia hora do centro de Seattle) a tradicional e gigante Chateau Ste. Michelle.


Trata-se não apenas do maior grupo vinícola de Washington, e um dos maiores dos Estados Unidos (Columbia Crest, 14 Hands, Northstar juntamente com Eroica e Col Solare, parcerias respectivamente com o especialista alemão em Rieslings Dr. Loosen e com a tradicional família Antinori, são as demais vinícolas que compõem portfólio do grupo apenas em Washington), mas uma vinícola pioneira.


Em 1962, com consultoria do célebre enólogo californiano André Tchelistcheff e do especialista em vinhos Leon Adams, surgiu a Associated Vintners, formada por professores da University of Washington e por enólogos amadores, originando posteriormente as vinícolas Columbia Winery e American Wine Growers. Esta posteriormente foi rebatizada como Chateau Ste. Michelle.


O Chateau Ste. Michelle possui um belo centro de recepção de visitantes. Normalmente há tours gratuitos de hora em hora, sendo cobradas apenas as degustações. A loja também é um capítulo a parte com praticamente todos os rótulos da vinícola alguns à venda somente ali, e outros de variadas safras, como os vinhos ultra premium da linha Artist Series (relembre aqui), e também do projeto Eroica.

Em nossa visita degustamos os seguintes vinhos do Chateau Ste. Michelle: 2014 Columbia Valley Pinot Gris (com a curiosa menção no rótulo 100% Vinifera Rootstock, ou seja, vinhas sem enxerto de vinhas não viníferas com forma de proteção contra a filoxera); 2012 Austral White Columbia Valley (58% Roussanne, 32% Marsanne e 10% Viognier); 2013 Mimi Chardonnay Horse Heaven Hills; 2012 Cold Creek Vineyard Chardonnay Columbia Valley; 2011 Ethos Reserve Merlot Columbia Valley e 2011 Ethos Reserve Syrah Columbia Valley. Dias depois degustamos ainda um 2011 Ethos Reserve Cabernet Sauvignon Columbia Valley. Comprovamos a versatilidade dessa tradicional vinícola, com vinhos muito bem elaborados, dos quais apreciamos mais os tintos monovarietais da linha Ethos e o Mimi Chardonnay.


Se você não tem disponibilidade de viajar até o leste de Washington, com certeza Seattle e Woodinville podem atender à curiosidade de qualquer enófilo.


Cheers!


Leia os demais posts dessa série aqui, aqui e aqui.

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