Vinhedos Históricos - Cannubi (Barolo)

Sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Barolo é um lendário vinho tinto de Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG) produzido no Langhe, Piemonte, no Norte da Itália, e considerado um dos grandes vinhos italianos (“Rei dos Vinhos, Vinho dos Reis”).


Trata-se de um vinho único, e bem diverso dos demais vinhos tintos, muitas vezes até mesmo difícil de “compreender” em toda a sua essência, e que, não raro, nos traz agradáveis surpresas.


Elaborado com a uva autóctone Nebbiolo, a zona do vinho Barolo se encontra na província de Cuneo, mais especificamente nas comunas de Barolo, Castiglione Falletto, Serralunga d'Alba e em partes das comunas de Cherasco, Diano d'Alba, Grinzane Cavour, La Morra, Monforte d'Alba, Novello, Roddi, Verduno.

A zona da DOCG Barolo possui diversos microclimas, tipos de solos e altitudes variadas, acarretando estilos diversos de vinhos, com influência (também) das técnicas empregadas.


Desde o final do século XIX reconhece-se na região certos vinhedos como crus, não raro explorados por mais de um produtor, em moldes similares (e inspirados) aos da Borgonha. A idéia é justamente destacar os diferentes tipos de vinhos Barolo e suas próprias peculiaridades, ou seja, privilegiar o terroir.


Brunate, Cannubi, Bussia são, dentre outros vinhedos, tidos como crus da zona de Barolo. As garrafas de vinhos Barolo elaborados em tais vinhedos ostentam em seus rótulos o nome do respectivo cru. É o que se chama na legislação vinícola italiana de Menzioni Geografiche Aggiuntive. 

Obviamente, tais vinhos são de produção pequena, por vezes minúscula, com reflexo direto nos preços.


Um dos mais famosos crus, Cannubi, cuja primeira menção em um rótulo remonta a 1752 (antes mesmo do próprio Barolo), está localizado na comuna de Barolo, tendo por extensão 15 hectares, e produzindo vinhos incríveis.


Em 1994, a Comuna de Barolo, seguindo o Consorzio di Tutela Barolo Barbaresco Alba Langhe e Roero, identificou e delimitou vinhedos em seu território, inclusive o Cannubi.


Nessa mesma época, pegando carona no prestígio do Cannubi, alguns vinhedos adjacentes foram autorizados a utilizar o nome Cannubi junto com seus nomes originais: Cannubi Boschis, Cannubi San Lorenzo, Cannubi Muscatel e Cannubi Valleta. Esses “irmãos” não devem ser confundidos com o Cannubi, produzindo vinhos distintos.


Recentemente, em setembro de 2010, Ernesto Abbona, presidente da Marchesi di Barolo, grande e tradicional produtor da região, convenceu as autoridades italianas (o Comitato Nazionale Vini) de que os vinhedos que ostentavam o nome Cannubi (Cannubi Boschis, Cannubi San Lorenzo, Cannubi Muscatel e Cannubi Valleta), deveriam ostentar apenas o nome Cannubi, argumentando de que não havia qualquer razão histórica para distinção existente e de que os consumidores ganhariam com a possibilidade de vinhos elaborados com blends das uvas dos cinco vinhedos.


Assim, a partir de setembro de 2010, o vinhedo Cannubi passaria de 15ha para 34ha. Especula-se que a razão para a duvidosa inciativa da família Abbona decorreria do fato de terem sua parte do vinhedo Cannubi, arrendada da família Scarzello, diminuída de 11ha para apenas 0.3ha.


No entanto, os pequenos produtores de vinhos Barolo Cannubi se rebelaram, e conseguiram junto ao Tribunali Amministrativi Regionali del Lazio (TAR) a anulação do dispositivo que autorizava que os vinhedos Cannubi Boschis, Cannubi San Lorenzo, Cannubi Muscatel e Cannubi Valleta passassem a ostentar apenas o nome Cannubi.


Embora se preveja um possível recurso da parte vencida contra tal decisão, não há dúvidas de que houve uma vitória dos que defendem e apreciam a identidade dos vinhos e sua história, o terroir, em suma.


Salute!

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