Degustando Barolos em Nova York

Sexta-feira, 29 de março de 2013

Como já tive a oportunidade de mencionar, um dos meus divertimentos preferidos em viagens, seja para onde for, é participar de degustações temáticas, aulas sobre vinhos e afins (relembre posts sobre degustações em Buenos Aires e em Paris). Não apenas para conhecer ou aprofundar o conhecimento em determinado tema enológico, mas, sobretudo, para testemunhar como o conhecimento do vinho é abordado e transmitido. Podemos verificar isso até mesmo em cartas de vinhos de restaurantes e em lojas especializadas (e.g. norte-americanos organizam tudo, em geral, com base na casta, depois especializando por região; franceses e ingleses se focam na origem do vinho, e não na cepa).


Recentemente, participei, juntamente com minha esposa e um amigo, de uma deustação temática sobre Barolos promovida pela Morrell, uma das minhas lojas de vinhos preferidas em Nova York, localizada na 49th Street, entre a Quinta e a Sexta avenidas, no famoso Rockefeller Center. A Morrell, embora pequena em espaço se comparada com grandes lojas americanas como Total Wine e K&L, como, aliás, por razões óbvias ocorre em regra em Manhattan, possui excelente seleção (um dos poucos lugares em que vi os deliciosos Zinfandel e Petite Sirah da Turley). Os preços são razoáveis (os vinhos em Manhattan tendem a ser mais caros que em outras partes dos EUA), mas ainda um excelente negócio, em especial se compararmos com os estratosféricos preços pratiados aqui.



A Morrell possui um departamento educacional, responsável por organizar degustações temáticas e eventos similares, com os mais variados temas. No período em que estaríamos na cidade haveria a degustação temática de Barolos, uma semana depois haveria uma de Pinot Noir do Oregon e da Califórnia, e muitas outras ao longo do ano.

A degustação da qual participamos era intitulada The Wines of Barolo: Old and New, conduzida por Brett Lindstrom, à época Director of Education da Morrell & Co. O foco da degustação era demonstrar estilos diversos de Barolo, contrapondo produtores tradicionalistas a produtores mais modernos, e contrastar vinhos mais jovens, alguns já prontos, de outros mais maduros.


A degustação começou às 19h15min, encerrando às 21h, embora ainda tenhamos permanecido no local por mais um quarto de hora conversando com Brett e os demais participantes e “acabando” com as garrafas abertas.


Inicialmente, Brett explicou resumidamente os vinhos da DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) Barolo, situando-os geograficamente, distinguindo-os de outros vinhos elaborados com a casta Nebbiolo, como os Barbarescos.

Nessa breve fase inicial, e dentro do objetivo da degustação, nosso anfitrião destacou que a Old School utilizava na elaboração de seus vinhos tanques de cimentos e grandes barricas de carvalho esloveno, enquanto a Modern School se valia de barricas menores, como as bordalesas, e de carvalho francês. Também foram destacadas as melhores safras recentes, 1989, 1996, 2004 e 2005.


Na sequência, e esse era o ponto do evento, foram degustados os vinhos, que eram sete, divididos em três sequências (flights).


O primeiro flight era composto dos seguintes vinhos: Silvio Grasso Barolo DOCG 2007; Aurelio Settimo DOCG Barolo 2007 e Luigi Einaudi Barolo Terlo 2007. Destes o Aurelio Settimo se destacou dos demais, inclusive sendo o preferido de minha mulher dentre todos os degustados.

Já o segundo flight era composto de dois vinhos, o Azelia Barolo Bricco Fiasco 1997 e o Azelia Barolo Bricco Fiasco 2008, ambos espetaculares.


O último flight foi compostos de dois poderosos vinhos, o Giacomo Conterno Barolo Cascina Francia 2000 e o La Spinetta Barolo Campé 2001, ambos espetaculares, já prontos, porém ainda com muita vida pela frente.


Vale, por fim destacar, que o evento ocorreu na própria loja, já fechada ao público, e foram servidos pães e deliciosos queijos italianos especialmente selecionados para harmonizar com os vinhos servidos.


Uma belíssima experiência! Cheers! Alla nostra salute!


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