Wild Horse - Diversidade de Terroirs da Central Coast

Sexta-feira, 29 de abril de 2022

Nos primórdios desse blog, a partir de uma viagem em maio de 2011 por três das principais regiões vinícolas californianas - Napa, Sonoma e a então pouco conhecida Paso Robles -, escrevi uma série de posts intitulados “Descobrindo a Califórnia” (três inicialmente e com o passar dos anos vieram mais alguns, que o leitor pode ler aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).


Em um determinado ponto da nossa jornada, ao viajarmos de Healdsburg, no norte, para Paso Robles, no sul, a nossa road trip foi interrompida, lá pela metade do Big Sur (uma cadeia de montanhas rente ao mar que divide o sul do norte da Califórnia) na lendária Highway 1, por conta de uma avalanche. Tivemos, então, que pegar uma estrada secundária e sinuosa entre as montanhas, o que nos fez perder bastante tempo.


Enfim, chegamos em Paso e, como escrevi em post anterior sobre aquela parte da viagem, jantamos no restaurante Enoteca (do Hotel La Bellasera), um “suculento rib eye com uma taça de Wild Horse 2007 Cabernet Sauvignon, nosso primeiro vinho de Paso Robles”.

Aquele vinho, um rótulo de entrada da vinícola, ficou gravado na memória deste enófilo. Infelizmente naquela viagem não conseguimos visitar a Wild Horse. Nos anos seguintes, sempre que encontrava em viagens um rótulo da Wild Horse, tomava.


Muitos anos depois, em uma nova viagem à Califórnia, retornamos a Paso Robles, e já com o firme propósito de visitar a Wild Horse Winery & Vineyards.


E a nossa visita superou as expectativas. Minha esposa e eu com duas crianças fomos muito bem recebidos e lá passamos uma tarde inesquecível.

Antes de passar aos vinhos, um destaque. A vinícola é kids friendly, e foram oferecidos suquinhos de maçã, frutas para alimentar as duas lhamas que lá residem (uma delas, a Dolly, batiza um dos vinhos de alta gama da vinícola), e ainda havia no gramado o tradicional e popular jogo norte-americano Cornhole (no Brasil, chama-se “jogo do saco de feijão”, leia aqui), para as crianças se entreterem enquanto os pais degustavam os vinhos.


No tasting room aprendemos sobre a vinícola e sua filosofia, e descobrimos que a Wild Horse tinha muito mais a oferecer do que os excelentes vinhos de entrada que até então conhecíamos (Cabernet Sauvignon, Merlot) e mais facilmente encontrados nas grandes lojas de vinhos norte-americanas (Total Wine & More, Wine.com etc...).


A Wild Horse Winery & Vineyards se localiza em Templeton, na região de Paso Robles e recebe seu nome dos cavalos selvagens que habitam as colinas ao leste da vinícola. Há um vinhedo contíguo à sede. Essa estratégica localização permite que a Wild Horse busque uvas de vinhedos de diversas outras AVAs (American Viticultural Area) da chamada Central Coast (Arroyo Grande, Edna Valley, Santa Maria Valley, Santa Barbara, Monterey, Santa Rita Hills etc...).

A Wild Horse Winery & Vineyards oferece uma grande gama de vinhos brancos (Grenache Blanc, Viognier, Chardonnay, Malvasia Bianca) e tintos (Cabernet Sauvignon, Merlot, Grenache, um inesperado Blaufrankisch, etc...), todos de altíssima qualidade.


Os vinhos com a Pinot Noir são um capítulo à parte, e fazem parte da filosofia da Wild Horse de elaborar vinhos de vinhedos únicos, de AVAs diversas e próximas, de forma a destacar as nuances dos diferentes terroirs da Central Coast.

Fizemos então um verdadeiro passeio pelos diversos terroirs da Central Coast, guiados pelos vinhos da Wild Horse, e degustamos os seguintes rótulos:


- Chardonnay Reserve Santa Barbara County 2015: Um vinho opulento, típico Chardonnay californiano “amanteigado”, porém na medida certa.


- Chardonnay Cheval Sauvage Santa Maria Valley 2015: Outro belíssimo Chardonnay, mais austero que o anterior, porém igualmente delicioso. No entanto, pela diferença de preço o anterior ganha fácil no quesito custo x benefício;


- Pinot Noir Reserve Sta. Rita Hills 2014: Uma das AVAs principais e mais reconhecidas para Pinot Noir  em Santa Barbara County, com vinhos opulentos, com muita fruta negra, boa acidez e notas de chá;


- Pinot Noir Reserve Arroyo Grande Valley 2014: quando o provamos da primeira vez percebemos que mais alguns anos tornariam esse vinho ainda melhor e mais complexo, o que percebemos recentemente ao revistá-lo;


- Pinot Noir Reserve Righetti Vineyard Edna Valley 2015: O mais potente dos Pinots da degustação, porém sem perder a tipicidade da cepa, e um dos nossos preferidos;

- Pinot Noir Reserve Bien Nacido Vineyard Santa Maria Valley 2015: O meu Pinot preferido na degustação e oriundo de um dos crus californianos. Um imenso potencial de guarda.


- Pinot Noir Cheval Sauvage Santa Maria Valley 2014: Um Pinot mais “fresco” que os anteriores, porém igualmente elegante.


- Malbec Reserve Paso Robles 2014: Um vinho menos potente que os argentinos, porém apresentando a tipicidade da uva;


- Blaufrankisch Reserve Paso Robles 2015: Esse foi degustado por ser inusitada essa casta na Califórnia, porém não nos encantou;


- Dolly Llama Reserve Paso Robles 2014 (44% Cabernet Sauvignon, 22% Petit Verdot, 21% Grenache, 13% Syrah): em geral, somos “arredios” a esses assemblages não clássicos. No entanto, esse vinho nos encantou no primeiro gole e trouxemos três garrafas dele...

Rememorar boas experiências é um dos grandes prazeres de um wine hunter...


Cheers!

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