Vinhos Laranjas

Sexta-feira, 31 de março de 2012

Sempre aprendi que os vinhos se classificavam, no tocante à cor, em brancos, tintos e rosés ou rosados (estes últimos uma variação dos tintos), comportando variações em cada  categoria (“branco ouro”, “branco palha”, um “rosa salmão”, “vermelho rubi” etc...) e em geral utilizadas na sua descrição.

Nos vinhos tintos, em apertada síntese, as cascas das uvas permanecem em contato com o sumo durante a fermentação, sendo, ao final desta, separados. Daí vêm as cores dos vinhos tintos, que variam em suas tonalidades conforme a espécie de cepa e, é claro, com a evolução posterior do vinho.


Com os vinhos brancos, o processo é diverso, e antes do início da fermentação, o sumo é separado das cascas.


Já nos vinhos rosados, existem alguns processos. Pelo método mais tradicional, do qual se originam os melhores vinhos rosados, inicia-se como a vinificação de um tinto, porém as cascas das uvas tintas são retiradas antes do final da fermentação. Outros métodos, que em regra produzem rosés de qualidade inferior, são a sangria (retirada de parte do líquido do mosto, gerando o vinho rosado), cortes de uvas tintas com brancas, e ainda misturas de vinhos brancos e tintos já prontos.


A variação de cores é grande nos vinhos rosados, dependendo da técnica utilizada, como, por exemplo, quando é interrompido o contato das cascas com o mosto durante a fermentação, variedade utilizada etc...


Eis que, pouco a pouco, em especial nos Estados Unidos, o maior mercado consumidor de vinhos do planeta, começa a surgir uma “nova categoria”, a dos vinhos “laranjas” (Orange Wines). 


E não estamos falando de vinhos feitos com cascas de laranjas, como um arremedo de cidra.


Tampouco estamos nos referindo aos Vinos Naranjas produzidos em Málaga ou em Huelva (Espanha) em que, resumidamente, o vinho branco é macerado com cascas de laranja (prática estranha para alguns, porém explicável no país da sangria).


Trata-se o "vinho laranja" de um vinho branco, seco, no qual, ao contrário do que ocorre com os brancos, o vinho fica, durante a fermentação, em contato com as cascas das uvas, daí ganhando sua coloração "laranja" ou âmbar.


Essa técnica era tradicional em algumas regiões italianas, diminuindo sua utilização a partir da década de 1950. No entanto, a técnica resistiu e hoje renasce.


A diferença essencial em relação aos vinhos rosados está no longo contato, no caso dos vinhos “laranjas”, das cascas com o mosto durante a fermentação, enquanto que nos rosados o contato é rapidamente interrompido.


Os produtores dos chamados “vinhos laranjas” estão na Itália (Friuli-Venezia Giulia, Umbria, Lazio), Eslovênia, Croácia, dentre outros.


A temperatura de serviço é em torno de 15 graus celsius, não se devendo colocar a garrafa em um balde. Após aberto, deve-se deixar o vinho em temperatura ambiente.


Para que o vinho possa mostrar todas as suas nuances, em especial aromas, o ideal é decantá-lo por bastante tempo, até mesmo por um dia, ou, se não for possível, aconselhável usar um aerador de vinhos.


Cheers!

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