Vin de Paille – Um Doce Tesouro do Jura

Terça-feira, 27 de agosto de 2019

Espremida entre a Borgonha e a Suíça há uma região montanhosa, o Jura, com uma pequena produção de vinhos, apenas 10% exportados. 


Embora não seja tão famoso e badalado como a sua vizinha Borgonha, o Jura produz excelentes vinhos, brancos, tintos, espumantes e até mesmo produzido o Macvin du Jura obtido adição de aguardente no suco de uva não fermentado, uma espécie de suco fortificado  (AOC Macvin du Jura) ou ainda o original Vin Jaune.


Na região do Jura existem cinco uvas autorizadas para a produção de vinhos: as brancas Chardonnay e Savagnin; e as tintas Poulsard (ou Ploussard); Pinot Noir e Trousseau.


Há ainda seis AOCs/AOPs (Appellation d'Origine Contrôlée/Protégée): Arbois (a maior de todas); Château-Chalon, L’Étoile, Côtes du Jura (a segunda em tamanho), Macvin du Jura (para vinhos fortificados) e Crémant du Jura (espumantes rosés e brancos).

O Vin de Paille (“vinho da palha” em tradução livre) não é uma AOCs/AOPs (Appellation d'Origine Contrôlée/Protégée). Na verdade, o Vin de Paille é um estilo de vinho produzidos em três das AOPs do Jura: Arbois, L’Étoile e Côtes du Jura, e suas normas constam dos regramentos das respectivas denominações de origem, sendo que, por lei, seu teor alcóolico mínimo é de no mínimo 14%.

O Vin de Paille é um dos tesouros vitivinícolas da França. Um tradicional vinho doce elaborado na região do Jura pelo método passerillage, um método ancestral. Por esse método, os cachos de uvas são colocados, após colhidos manualmente, por alguns meses para secar em esteiras ou em leitos de palha (daí o seu nome), ou até mesmo pendurados em ganchos ou cordas presos a vigas, em ambientes fechados, ventilados, porém não aquecidos.


Com a desidratação das uvas, ocorre concentração dos açúcares e dos compostos aromáticos antes de serem prensadas e vinificadas.


Entre o final do ano e fevereiro as uvas são prensadas. A fermentação é lenta e o mosto acaba por não fermentar completamente. O resultado é um vinho doce, com teor alcóolico entre 14 e 15%.


Trata-se do mesmo método dos vinhos italianos Recioto di Valpolicella e Recioto di Soave (em italiano o método é chamado de appassimento).


Na sequência o vinho passa por um estágio de 18 meses em barricas. 

Em geral, só é colocado a venda três anos após a colheita, quase sempre em garrafas de 375 ml.


O mais comum é a utilização das uvas brancas Chardonnay e Savagnin, e da tinta Poulsard. A Trousseau é permitida, embora raramente utilizada. A Pinot Noir é vetada. 


Os Vins de Paille são longevos, com grande capacidade de guarda. Apresentam aromas de laranja cristalizada, mel, caramelo e ameixas. São perfeitos para harmonizar com foie gras.


Importante, por fim, lembrar que o termo Vin de Paille (ou Vin Paillé) também é utilizado para vinhos similares produzidos em outras regiões da França: Vin de Paille de Tain l'Hermitage, Vin Paillé de Beaumont-du-Ventoux, Vin de Paille de Corrèzee Vin Paillé du Cap Corse.


Santé!

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