Vertical Almaviva Safras 2006 a 2011

Quarta-feira, 1 de abril de 2015

No Brasil há vinhos e produtores que se tornam cultuados por conta da sua inegável qualidade, se tornando objeto de desejo de muitos enófilos (e infelizmente trazendo a especulação de preços junto, porém isso é assunto para outro post).


O vinho chileno Almaviva é um desses vinhos cultuados no Brasil, e que não decepciona nunca, embora seu preço tenha inflacionado muito nos últimos cincos anos.


O Almaviva, nos moldes do projeto californiano Opus One (veja aqui e aqui), é uma vinícola chilena nascida em 1997 de parceria entre a Baronesa Philippine de Rothschild  (Château Mouton Rothschild) e a vinícola Concha y Toro.

O objetivo era criar um vinho premium chileno nos moldes dos grandes vinhos de Bordeaux e que refletisse o privilegiado terroir de Puente Alto, no Valle del Maipo, no Chile.

 

O nome do vinho vem do personagem Conde Almaviva da obra O Casamento de Fígaro, da trilogia de Beaumarchais (1732-1799), transformada em ópera por Mozart.


Já no rótulo constam símbolos estilizados da antiga civilização Mapuche, em uma estratégia de marketing, buscando trazer elementos da cultura local.


A vinícola Almaviva produz um vinho homônimo e, nos moldes dos grandes Chateaux de Bordeaux, um segundo vinho, o Epu.


O assemblage do Almaviva é um corte bordalês, com predominância da Cabernet Sauvignon, mudando safra a safra, podendo contar ou não com determinada cepa dentre as comumente usadas em Bordeaux.

Recentemente, juntamente com um grupo de amigos apreciadores, degustei seis safras, 2006 a 2011, do ícone chileno.


Na verdade, nosso grupo planejava se reunir para tomar alguns vinhos e conversando verificamos que juntos tínhamos seis safras diferentes do Almaviva, nascendo então nossa “mini degustação vertical” desse grande vinho chileno.


Os vinhos degustados com os respectivos assemblages foram os seguintes:


1) Almaviva 2006: 63% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère, 9% Cabernet Franc e 2% Merlot.


2) Almaviva 2007: 64% Cabernet Sauvignon, 28% Carménère, 7% Cabernet Franc e 1% Merlot

3) Almaviva 2008: 66% Cabernet Sauvignon, 26% Carménère e 8% Cabernet Franc


4) Almaviva 2009: 73% Cabernet Sauvignon, 22% Carménère, 4% Cabernet Franc e 1% Merlot


5) Almaviva 2010: 61% Cabernet Sauvignon, 29% Carménère, 9% Cabernet Franc e 1% Petit Verdot


6) Almaviva 2011: 67% Cabernet Sauvignon, 25% Carménère, 5% Cabernet Franc, 2% Merlot e 1% Petit Verdot.


Além da óbvia qualidade dos vinhos, um dos traços comuns é a prevalência da Cabernet Sauvignon, que no privilegiado terroir de Puente Alto encontra uma de suas máximas expressões.

Podemos verificar a nítida diferença entre os seis vinhos, com grande destaque para os vinhos das safras 2011, 2008 e 2006. Embora todos ainda jovens, os mais maduros já começavam a apresentar notas terciárias, em especial elementos terrosos.


Um ponto que particularmente me chamou a atenção foi a sensível melhora dos vinhos quando degustados com o bife de chorizo servido. Não sei a razão, mas com a carne, para mim especificamente, as diferenças entre os vinhos se acentuaram ainda mais.


De qualquer forma, todos são grandes vinhos, com longa capacidade de guarda, fazendo jus à fama que têm.


Santé!

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