Tavel, o Rei dos Vinhos Rosados

Sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os vinhos rosés, ou rosados, já se tornaram uma realidade no mercado brasileiro e mundial, se mostrando como uma excelente alternativa em dias de maior calor (algo não raro no Rio de Janeiro), embora ainda haja uma certa resistência de alguns em prová-los.


Os vinhos rosados apresentam estilos dos mais variados, dos leves aos mais encorpados, com uma incrível miríade de cores, a depender da técnica utilizada, como, por exemplo, quando é interrompido o contato das cascas com o mosto durante a fermentação, variedade utilizada etc...


Nos últimos anos diversos rótulos de vinhos rosés surgiram e chegaram ao nosso mercado, desde os clássicos franceses, até vinhos dos países do chamado Novo Mundo, como Argentina e Chile, passando por Portugal (até “Porto” rosado existe).


Pelo método mais tradicional, do qual se originam os melhores vinhos rosados, o processo de vinificação se inicia como a vinificação de um tinto, porém as cascas das uvas tintas são retiradas antes do final da fermentação.

Há ainda outros métodos, que em regra produzem rosés de qualidade inferior, como a retirada de parte do líquido do mosto, gerando o vinho rosado, misturas de vinhos brancos e tintos já prontos, dentre outros métodos.


A França possui diversas AOCs (Appellation d'Origine Contrôlée) que produzem alguns dos melhores vinhos rosés do mundo, como algumas apelações das regiões da Provence e algumas do Loire, destacando-se, dentre todas, os vinhos rosados de Tavel (O Reis dos Vinhos Rosados”).


Conta-se que os vinhos de Tavel constavam entre os preferidos dos reis Philippe, o Belo, e Louis XIV, bem como dos papas de Avignon e de Honoré de Balzac.

Pelas regras da AOC Tavel, oficialmente instituída em 1936, apenas podem ser produzidos vinhos rosados, e as principais cepas utilizadas são Grenache e Cinsault, seguidas da Syrah e da Mourvèdre, estas autorizadas apenas a partir de 1969. São permitidas ainda a Clairette, a Bourboulenc, a Carignan, a Picpoul, e a Calitor (esta última extremamente rara). Não há vinhos monovarietais, e a uva predominante não pode exceder 60% do assemblage.


Os vinhos de Tavel são secos e encorpados, em contraponto aos delicados rosés da Provence, por exemplo, tendo maior potencial de guarda que os demais vinhos rosados, embora normalmente sejam bebidos jovens, com sugestão de temperatura de serviço entre 12 e 14 graus.


Os vinhos da AOC Tavel são produzidos no território da pequena comuna homônima e da comuna vizinha de Roquemaure localizadas no sul da região do Rhône, no Departamento do Gard. Tavel está ao norte de Avignon e é vizinha à famosa Chateauneuf-du-Pape.

Alguns anos atrás, visitei Tavel e na ocasião degustei na Caveau Saint Vincent (Place du Seigneur, 30126, Tavel, tel. 04.66.50.24.10) diversos e incríveis rótulos, como o Château d’Aqueria, o Domaine Lafond, dentre outros, e que, confesso, me impressionaram, ofuscando os diversos rosés da Provence provados até então naquela mesma viagem.


São vinhos relativamente fáceis de achar no Brasil, recorrentes em minha adega, e que merecem ser experimentados, em especial em um dia de primavera ou verão.


E se estiver na região, não deixe de visitar a bela Pont du Gard, de preferência levando uma garrafa de Tavel para degustar enquanto contempla a paisagem.


Santé!

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