Quinta do Crasto – Visita e Degustação

Terça-feira, 13 de setembro de 2022

A Quinta do Crasto, no Douro, dispensa apresentações aos enófilos brasileiros, reconhecida por seus vinhos de altíssima qualidade. Qualidade que se expressa não apenas em seus vinhos de alta gama, mas em todas as linhas de vinho da vinícola.


A história da Quinta do Crasto remonta ao século XVII, com os primeiros registros de produção de vinho no local e considerada nos anos seguintes como uma das propriedades mais importantes do Douro. Na quinta, junto à casa centenária há um dos marcos pombalinos (marcos usados para delimitar a região do Douro) datado de 1758.


No ano de 1918 a propriedade é adquirida por Constantino de Almeida, respeitado produtor de vinho do Porto e brandy. A partir de 1923 o filho de Constantino, Fernando Moreira d’Almeida, assume o negócio continuando com a produção de vinho do Porto.

No início da década de 1980 Leonor Roquette, filha de Fernando Moreira d’Almeida, assume juntamente com seu marido Jorge Roquette a gestão Quinta do Crasto e iniciam a expansão da vinícola, juntamente com seus filhos Rita, Miguel e Tomás.


Em 1994 começam a elaborar vinhos tranquilos com a DOC Douro. A partir daí remodelam as instalações e plantam novas vinhas, modernizando a Quinta do Crasto.


Na década de 2000 adquirem mais duas propriedades, a Quinta da Cabreira (2000) e a Quinta do Querindelo (2006).

Ainda na década de 2002, nasce o projeto Roquette & Cazes, um projeto de Jorge Roquette (Quinta do Crasto) com Jean-Michel Cazes (Château Lynch-Bages, em Bordeaux), com o objetivo de criar um grande vinho “com as castas do Douro, um vinho que mostre estrutura e complexidade, que possua  poder e o sol de Portugal conjugados com a elegância de Bordeaux” (Jean-Michel Cazes in roquettecazes). O projeto hoje conta com dois vinhos: Xisto – Roquette & Cazes e Roquette & Cazes, um primeiro e segundo vinhos da vinícola na melhor tradição bordalesa. As uvas dos vinhos são prevenientes da Quinta da Cabreira (da família Roquette), no Douro Superior, e da Quinta do Meco (da família Cazes), no conselho de Foz Côa.


A Quinta do Crasto teve ainda um relevantíssimo papel na promoção dos vinhos “de mesa” (não fortificados) do Douro, mostrando ao mundo que o Douro tinha ainda mais a oferecer além do vinho do Porto. O projeto Douro Boys nasce em 2003 para promover internacionalmente os vinhos tranquilos do Douro. O projeto tinha como integrantes João Ferreira Álvares Ribeiro e Francisco Ferreira (Quinta do Vallado), Cristiano van Zeller (Van Zeller & Co), Dirk van der Niepoort (Niepoort), Francisco “Xito” Olazábal (Quinta do Vale Meão), Miguel e Tomás Roquette (Quinta do Crasto). O projeto dos Douro Boys trouxe, assim, visibilidade aos vinhos tranquilos do Douro.

Os vinhos da Quinta do Crasto me foram apresentados muitos anos atrás, em 2006. Naquele ano, participei, no Rio de Janeiro, de uma inesquecível degustação. Na ocasião, provei os vinhos de alta gama da Quinta do Crasto: Vinha Maria Teresa 2003, Vinha da Ponte 2003, Touriga Nacional 2003 e Xisto 2003, todos em sua primeira safra.


Essa degustação, além de mudar como até então conhecia os vinhos tranquilos do Douro, tornou-me um ardoroso fã dos vinhos da Quinta do Crasto.


Nos anos seguintes, tive a sorte e o privilégio de conhecer os demais vinhos da Quinta do Crasto e revisitar o Xisto 2003 - já com 10 anos - e o Maria Teresa 2003 (leia aqui). Degustei diversas safras de todos os vinhos, sempre com dois pontos destacados: a altíssima qualidade e o respeito aos diversos terroirs explorados pela Quinta do Crasto.


Porém, ainda faltava uma coisa: visitar a Quinta do Crasto e provar alguns de seus vinhos in loco. Por razões diversas, nas vezes que havia estado no Douro não tinha conseguido visitar a vinícola. Porém, isso mudou no início desse ano.

Em uma ensolarada e fria tarde de janeiro, após percorrer uma estradinha cenográfica e com muitas curvas, avistamos a Quinta do Crasto.


Era a primeira viagem internacional “pós-pandemia” e estava ansioso para voltar a visitar regiões vinícolas.


Chegamos na Quinta do Crasto por volta de 13h.


Primeiro visitamos os vinhedos, com uma detalhada e didática explicação sobre os solos do Douro (e o papel do Xisto), as castas autóctones ali plantadas, vinhedos antigos com uvas misturadas e a história da Quinta do Crasto. Nessa oportunidade, avistamos os célebres vinhedos Maria Teresa e Vinha da Ponte.


Na sequência, fomos até os lagares (usados na vinícola apenas para os vinhos “monocastas”, os “monovinhas” e para p Reserva Vinhas Velhas), as instalações com as imponentes cubas personalizadas e encerramos na belíssima sala de barricas da Quinta do Crasto.

Uma curiosidade: a Quinta do Crasto é a pioneira no uso do sistema Oxoline, Barrel Stacking System, pelo qual pode-se armazenar até seis níveis de altura de barricas em toda a extensão lateral interior da cave, de forma a otimizar o espaço de armazenamento.


Passamos, então, para a Casa Centenária e na sala de jantar fizemos provas dos vinhos (Crasto Douro Branco 2019, Crasto Douro Tinto 2019, Crasto Superior Douro 2017, Quinta do Crasto Douro Reserva Vinhas Velhas 2018, Quinta do Crasto Porto LBV 2015).


Em seguida almoçamos uma típica e inesquecível refeição portuguesa: uma deliciosa sopa de ervilha; o melhor bacalhau com natas que já provei acompanhado de grelos; e, de sobremesa, uma torta de laranja e queijos variados portugueses. Tudo acompanhado com os vinhos e azeites da Quinta do Crasto.


Finalizamos com uma ida até a piscina de borda infinita com o Douro ao fundo, para terminar a visita com mais uma taça do Quinta do Crasto Douro Reserva Vinhas Velhas 2018.


Um sonho realizado e uma visita inesquecível!


Saúde!

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