Para iniciar 2020... Champagne Louis Roederer Cristal 2009

Para celebrar o novo ano, costumo, nas tardes de todo dia primeiro de janeiro, abrir um vinho especial, quase sempre um espumante ou um branco. Para brindar 2020, o vinho escolhido foi o mítico Champagne Cristal, safra 2009, da célebre Maison Louis Roederer.

Fundada em 1776 com o nome de Dubois Père et Fils, a Maison foi adquirida em 1833 por Louis Roederer, passando então a seu novo nome e mantendo-se na família por gerações

Atualmente a Louis Roederer é um dos mais célebres produtores de Champagne, e um dos maiores. A Maison possui cerca de 593 acres (240 hectares) de vinhedos plantados em villages classificados como Grand Crus ou Premier Crus (na classificação de Champagne não são os vinhedos classificados, mas sim os diversos vilarejos das sub-regiões). Apenas o seu Champagne Non-Vintage Brut Premier é elaborado a partir de uvas compradas de terceiros e não de vinhedos próprios. Todos os demais vinhos desse produtor são elaborados com uvas de seus vinhedos.

Por outro lado, a Maison Louis Roederer é o maior produtor biodinâmico da região de Champagne, com cerca de 75 hectares (185 acres) de vinhedos cultivados de forma biodinâmica, número este que vem aumentando ano após ano. 

A vinícola mantém algo praticamente inédito na região de Champagne: proteção das centenas de parcelas de seus vinhedos, cultivando sua própria sélection massale (seleção do melhor material genético de suas vinhas), mantendo viveiros com amostras das vinhas para posterior replantio.

As uvas das 410 parcelas dos diversos vinhedos da Louis Roederer são todas fermentadas e vinificadas separadamente (vinhos de base).  

De forma distinta do que costuma ocorrer com as grandes Maisons de Champagne que buscam sempre manter um estilo próprio, os vinhos da Louis Roederer possuem uma estreita ligação com o terroir champagnois. 

Os seus diferentes vinhos buscam refletir o respectivo terroir e são elaborados sempre a partir das mesmas parcelas específicas, podendo ser divididos em dois grupos com base nos tipos de solos: 1) argilosos e arenosos (e.g. Verzenay, Verzy, Cumières, dentre outros); 2) com giz, uma das espécies de calcário (e.g. Avize, Verzy, Aÿ etc...) responsável por agregar alta acidez aos vinhos.

No nariz, o vinho apresentou intensidade pronunciada com aromas de maçã verde, limão siciliano, limão, laranja, grapefruit, pão, brioche, massa de pão, (aromas de leveduras bem presentes e destacados) e compotas de cítricos.

Na boca, se mostrou seco, com destaque para a alta e impressionante acidez. Presença de avelãs, mel, damasco seco, com um impressionante final extremamente longo. 

Um vinho de excelente qualidade, e com potencial de longa guarda. Pena não ter mais umas duas ou três garrafas para beber ao longo dos próximos quinze anos e poder comparar a evolução. 

Um incrível e inesquecível vinho, descrito por Jean-Baptiste Lécaillon, mestre de adega da Louis Roederer, da seguinte forma: “Estamos no auge do Cristal, uma harmonia soberba, uma evanescência deslumbrante, com uma elegância e equilíbrio sem esforço”.

Santé!