O PRIMEIRO ERRO DO APRENDIZ DE CONNAISSEUR

Quinta-feira, 08 de março de 2012

Um dos dois grandes erros clássicos de todo aprendiz de enófilo é comprar uma (e primeira) adega pequena, com pouca capacidade.

Com o tempo, e conforme vamos nos apaixonando pelo vinho, a tendência é comprar mais e mais vinhos, principalmente aquelas garrafas especiais, às vezes raras, outras vezes ainda não prontas para beber, ou simplesmente mais de um garrafa da mesma safra para comparar a sua evolução ao longo dos anos, dentre outras inúmeras razões. 

E morando em grandes centros urbanos, a tendência é termos menos espaço disponível para a guarda de vinhos.

E, acreditem, esse não é um erro só meu. Tenho um amigo que, com três adegas, ainda espalha garrafas pelos armários, no meio das roupas. Um outro instalou uma adega de quase 100 garrafas em um quartinho a que tem direito na garagem do seu prédio. Outro guarda parte de seus vinhos na casa dos pais em outro Estado. Por último, embora conheça mais e mais casos, um quarto, que é co-autor desse blog junto com este que vos escreve, montou uma importadora de vinhos (essa era a desculpa) no leste Europeu e comprou um imóvel com adega onde recheou de garrafas (a importadora está desativada, mas o estoque curiosamente continua diminuindo). 

Tampouco fui exceção à regra. Cometi esse mesmo erro já faz quase dez anos. Minha primeira adega, ainda perfeitamente funcionando e embutida no aparador da sala, tinha capacidade para cerca de 22 garrafas de 750 ml. Na época, um professor da ABS/RJ me advertiu que era pequena para minhas futuras necessidades, mas já era tarde demais (ou não).

Pouco tempo depois, adquiri uma segunda adega, dessa vez para 43 garrafas (o plano original dessa vez era climatizar o quarto de empregada, mas houve veto doméstico). 

Achei que ficaria tranquilo, e até inocentemente recusei a sugestão de comprar logo uma adega maior, daquelas do tamanho de uma grande geladeira, preferindo fazer um armário no quarto de empregada (despensa hoje em dia) e embutir a nova adega na parte inferior do móvel (por sorte havia mais espaço ao lado da segunda adega).

Alguns anos depois, vendo crescer, de forma inversamente proporcional ao meu consumo pessoal, a quantidade de garrafas do lado de fora das duas adegas, principalmente após retornos de viagens a alguma região vinícola, vi que era hora de comprar uma terceira adega, até mesmo porque havia espaço do lado da segunda e não ficava bem uma adega só naquele espaço todo.

Assim comprei uma terceira adega, de 33 garrafas de 750ml (dessa vez a metragem do espaço disponível me impedia de comprar uma adega de maior capacidade).

Desde então tenho mantido (pelo menos tentado) meu estoque de vinhos dentro desse limite, dividindo a capacidade das adegas em 15-20% para vinhos especiais (vinhos, por exemplo, da safra do ano de nascimento dos meus filhos, o que será objeto de um post específico no futuro), 15-20% de vinhos de guarda, 30% de vinhos de “média” guarda e 30% para os vinhos de consumo corrente.

Claro que uma viagem ou uma daquelas aquisições imperdíveis que teimam em aparercer (e nos tentar) sempre pode influenciar nesse frágil equilíbrio. Acho que para isso existem os armários da despensa!

De qualquer forma, hoje olho para as duas geladeiras na cozinha, uma ao lado da outra, e fico me indagando se preciso realmente de dois refrigeradores...

Sláinte!

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