Golden Rio – Wines of Chile

Sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Faz alguns dias tive a oportunidade de participar do evento Golden Rio – Wines of Chile, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.


O evento foi organizado pela Wines of Chile entidade privada que congrega vinícolas chilenas com o objetivo de promover o vinho chileno e suas diversas facetas (regiões, cepas emblemáticas, estilos, enoturismo etc), principalmente no mercado externo.


Nesse contexto, o Brasil é considerado um dos três mercados internacionais prioritários para a exportação dos vinhos chilenos.

A percepção da Wines of Chile aponta para uma grande identificação dos brasileiros com os vinhos chilenos, não apenas por conta das crescentes exportações (desde 2004 as importações de vinhos chilenos aumentam ano a ano, mesmo em 2015, ano de crise econômica no Brasil), mas também pelo enoturismo. Até mesmo pela proximidade, os brasileiros são os principais enoturistas estrangeiros.


Aliás, recordo-me que em visita à Concha y Toro em janeiro passado, nossa anfitriã nos informou que os principais visitantes da vinícola eram brasileiros, superando até mesmo os próprios chilenos. 


O Golden Rio – Wines of Chile é um evento dirigido a profissionais e é dividido em duas partes, uma degustação dirigida chamada de Master Class, e uma pequena feira com estandes de várias vinícolas, algumas ainda à procura de um importador no Brasil.

A master class desse ano tinha por título Los Medallistas de Chile, uma simpática referência aos Jogos Olímpicos Rio 2016.


Antes da degustação houve uma apresentação com um perfil do Chile, sua geografia e cultura, além de dados referentes às exportações para o Brasil.


Também fomos brindados com uma explicação sobre a influência das massas de ar do Pacífico e dos Andes na produção de vinhos, que se traduz em um complexo sistema de denominações (nem sempre indicado nos rótulos e contra-rótulos) e que varia conforme a geografia do vale ou sub-região (Costa, Entre Cordilleras, Andes). Obviamente, há sub-regiões que não possuem todas as denominações (o vale de Leyda, por exemplo), e outras que possuem as três como o vale de Aconcagua.


Em seguida, passamos à degustação dirigida pelo crítico brasileiro Marcelo Copello. Eram onze vinhos a serem degustados, dentre estes um rosado, um branco e nove tintos. Os vinhos selecionados eram majoritariamente dos vales de Maipo e Colchagua, com um apenas do vale de San Antonio e um do vale de Curicó, passando por vinhos clássicos e consagrados e vinhos menos conhecidos – e nem por isso menos interessantes -, alguns ainda sem importador no Brasil. Outro destaque era a prevalência de assemblages, em grande parte com Carménère, Syrah e Cabernet Sauvignon. Eis os vinhos degustados:

1º) Maquis Gran Reserva Rosé 2016 (Valle de Colchagua): um belo rosado da Viña Maquis elaborado com Malbec (85%) e Cabernet Franc (15%), apresentando aromas de goiaba;


2º) Amelia 2015 (Valle de Casblanca): considerado o melhor Chardonnay do Chile, um clássico da Concha y Toro que nunca decepciona;


3º) Montes Twins Red Blend 2015 (Valle de Colchagua): um diferente assemblage de Cabernet Sauvignon (35%), Syrah (30%), Carménère (25%) e Tempranillo (10%) elaborado pela consagrada Viña Montes;


4º) Pérez Cruz Limited Edition Cabernet Franc 2013 (Valle del Maipo): embora admire muito o trabalho dessa vinícola, era um vinho que ainda não conhecia que se destacava por sua elegância;


5º) Apaltagua Colección Lmited Edition Carignan 2013 (Valle de San Antonio): Um vinho com predominância de Carignan, uma das uvas de grande potencial no chile, com um pouco de Syrah (12%) e Pinot Noir (3%);


6º) Solares 2013 (Valle de Colchagua): um assemblage de Cabernet Sauvignon (30%), Syrah (30%) e Carménère (40%), corte típico no Chile, elaborado pela vinícola La Ronciere;


7º) Escalera Icono 2010 (Valle de Curicó): Elaborado pela vinícola Junta, trata-se de um corte de Cabernet Sauvignon (20%), Syrah (25%), Carménère (35%) e Petit Verdot (20%);


8º) Casa Silva Gran Terroir de Los Andes Los Lingues Cabernet Sauvignon (Valle de Colchagua): Embora ainda jovem, um vinho para os apreciadores da cepa Cabernet Sauvignon;


9º) Encierra 2012 (Valle de Colchagua): produzido pela vinícola Encierra, trata-se de um assemblage tipicamente chileno, um corte de Cabernet Sauvignon (72%), Syrah (15%), Carménère (10%) e Petit Verdot (3%);


10º) Carmen Winemaker’s Reserve Red Blend 2013 (Valle de Maipo): um corte de 85% Cabernet Sauvignon, 10% Petite Sirah e 5% Petit Verdot;


 11º) Santa Rita Casa Real 2012 (Valle de Maipo): um clássico chileno que demonstra a grande qualidade da Cabernet Sauvignon do vale de Maipo (e um dos meus vinhos chilenos preferidos), que, como sempre, não decepciona.

Na sequência, passamos para uma feira com cerca de 13 vinícolas chilenas, com diversos clássicos, como Don Melchor 2012 e Montes Alpha M 2011, passando por novas descobertas (ao menos para mim), como o Casa Silva Cool Coast Sauvignon Blanc 2016, o Casa Silva Microterroir de los Lingues Carménère 2009 e o Junta Late Harvest Curicó Valley 2015 elaborado com a Gewürztraminer.


Um belo evento, extremamente didático. Senti apenas falta de opções de Syrah (provei apenas dois, um da linha Cool Coast da Casa Silva, e outro Pérez Cruz Limited Edition) e de outras uvas que vêm apresentando excelentes resultados no Chile, como a Pinot Noir e a Carginan, e de mais exemplares de outras regiões chilenas, como Maule e Limarí. Em um país com uma ampla produção de vinhos e diversas regiões como o Chile, tais ausências são mais do que justificadas e podem vir a ser objeto de outros belos eventos da Wines of Chile.


¡Salud!

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