Franciacorta, Os Melhores Espumantes da Itália

Segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Quando pensamos em vinhos espumantes sempre vêm às nossas mentes os Champagnes ou os vinhos espumantes brasileiros, ou ainda os outrora populares, em especial em festas de casamento, Proseccos italianos (ainda hoje há pessoas que usam a palavra Prosecco como sinônimo para qualquer vinho espumante).


Para os consumidores em geral, espumante italiano é Prosecco, um vinho espumante barato, fácil de beber, como aqueles que inundavam o mercado brasileiro no final da década de 1990 e início da de 2000.


Quando queremos algo mais, por assim dizer, “elegante” partimos para Champagnes, em geral de casas internacionalmente famosas, verdadeiras “marcas”, como Veuve Clicquot e Moët Chandon (e que nem sempre correspondem às expectativas).

Porém, o mundo do vinho oferece uma alta gama de espumantes, desde Champagnes “menos badalados” e mais artesanais, passando por Cavas e pelos nossos belos espumantes nacionais, até os incríveis e elegantes vinhos italianos da DOCG (Denominazione di origine controllata e garantita) Franciacorta.


Faz alguns anos, viajando com minha mulher pela Itália, nossos queridos amigos italianos Maurizio e Caterina nos levaram para conhecer in loco um dos mais bem guardados segredos viníferos da Itália: os vinhos da Franciacorta.

 

Junto com nossos amigos, visitamos a tradicional vinícola Ricci Curbastro. Fomos recebidos pelo simpático proprietário Riccardo Ricci Curbastro, que além de nos regalar com uma bela degustação de seus vinhos, nos contou, durante a visita quen incluiu o museu do vinho, a história da região, os estilos e o método de elaboração dos vinhos. Um dia inesquecível!


A Franciacorta é uma pequena e belíssima região inserida na província de Brescia, na Lombardia, ao sul do Lago de Iseo, formada por diversas comunas (Adro, Capriolo, Cazzago San Martino, Cellatica, Coccaglio, Cologne, Corte Franca, Erbusco, Gussago, Iseo, Monticelli Brusati, Ome, Paderno Franciacorta, Paratico, Passirano, Provaglio d'Iseo, Rodengo Saiano, Rovato e Brescia), que produz incríveis vinhos espumantes excusivamente pelo método tradicional, com segunda fermentação em garrafa, nos mesmos moldes de Champagne. Apenas para ilustrar, a Franciacorta possui cerca de 5.400 acres de vinhedos plantados e cerca de 100 produtores contra 80.000 acres de vinhedos plantados e cerca de 19.000 vignerons e casas produtoras em Champagne. A qualidade dos vinhos espumantes da Franciacorta, entretanto, é incrível, rivalizando, ouso dizer, com os Champagnes.


Em 1967, a Franciacorta recebeu o status de DOC (Denominazione di origine controllata), abrangendo também vinhos tranquilos (não espumantes) tintos e brancos. Já em 1995, passou ao status de DOCG Denominazione di origine controllata e garantita), abrangendo apenas vinhos espumantes. Os demais vinhos (tranquilos brancos e tintos), passaram para uma nova DOC, Terra di Franciacorta. Pelas regras desta DOC os brancos são elaborados com a Chardonnay e/ou com a Pinot Bianco, e os tintos são sempre assemblages com Cabernet Franc ou Cabernet Sauvignon predominando coma  Merlot, e pequenas proporções de Barbera  e Nebbiolo. A Pinot Nero, de seu turno, além dos vinhos espumantes, aparece em vinhos IGT (Indicazione Geografica Tipica).


Pelas regras da DOCG Franciacorta, apenas as uvas Chardonnay, Pinot Nero e Pinot Bianco podem ser utilizadas (a Pinot Grigio foi excluída em definitivo pelos produtores ainda no início da década de 1990).


A Chardonnay é a cepa que prevalece nos vinhos Franciacorta, correspondendo a 80% dos vinhedos plantados, enquanto que a Pinot Nero corresponde a 15% e a Pinot Bianco 5%.


O método de vinificação empregado é o metodo classico, termo italiano correspondente ao méthode Champenoise ou méthode traditionnelle francês, que, em resumo, significa a utilização da técnica da segunda fermentação na próprio garrafa (o gás carbônico fica enclausurado no vinho dentro da garrafa, chegando a atingir 6 bars de pressão atmosférica dentro da garrafa), que obviamente se reflete na qualidade do vinho final.

 

Tal qual em Champagne, os Franciacorta podem ser safrados (millesimato) ou não. Os não-safrados só podem ser lançados no mercado 25 meses, no mínimo, após a colheita, enquanto que os millesimati apenas após, no mínimo, 37 meses contados da colheita.


Os Franciacorta rosados necessitam ter em seu assemblage Pinot Nero na proporção mínima de 15%. Já os Satèn (termo local correspondente ao termo francês blanc des blancs) são elaborados exclusivamente com as cepas brancas Chardonnay e/ou Pinot Bianco, sendo produzidos com 4.5 bars de pressão (em contraponto aos 6 bars usuais) de forma a conseguir um vinho mais macio e sedoso.


Há ainda a categoria dos Franciacorta Riserva, vinhos de safras específicas, rosé ou santèn, com fermentação em garrafa por 60 meses, e lançados ao mercado após, no mínimo, 67 meses a contar da colheita.

Os níveis de Dosage, forma de se medir o grau de doçura em vinhos espumantes, é similar ao utilizado em Champagne, constando por vezes em rótulos termos como Demi-Sec, Brut, Extra-Brut, Pas Dosé etc...


Tal qual ocorrem em Champagne e o termo AOC (Appellation d'Origine Contrôlée), já faz alguns anos pelas regras da DOCG os vinhos da Franciacorta não mais precisam fazer constar nos rótulos o termo DOCG, bastando apenas a menção genérica à Franciacorta.


Alguns produtores a serem destacados (alguns não encontrados no Brasil): Ricci Curbastro, Berlucchi, Monte Rossa, Bellavista, Barone Pizzini, Montesina e Ca’del Bosco.


Se você ainda não escolheu seu espumante para celebrar a chegada de 2013, ainda há tempo...


Salute!

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