Don Melchor 2010 - Nova Safra

Segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Don Melchor Cabernet Sauvignon, vinho produzido pela tradicional vinícola Concha y Toro, é um dos maiores ícones da viticultura chilena. Trata-se de um daquele vinhos que, aqui no Brasil, dispensa apresentações, sendo conhecido e admirado por muitos enófilos brasileiros.


O conceito do Don Melchor nasce na década de 1980, quando os vinhos de alta gama ainda eram incipientes no Chile. Em 1986 Eduardo Guilisasti, então presidente da vinícola, resolveu criar um vinho de alta qualidade, que refletisse o privilegiado terroir de Puente Alto, localizado no Valle del Alto Maipo, nos pés da Cordilheira dos Andes, a 650 metros do nível do mar.


Para tanto, Don Eduardo incumbiu tal missão ao seu filho Rafael e ao enólogo Goetz Van Gersdoriff, que, após visitarem Bordeaux, se juntaram ao enólogo francês Jacques Boissenot, lançando a primeira safra do Don Melchor em 1987 (faz alguns anos degustei a safra 1987 e o vinho se encontrava simplesmente espetacular).

Posteriormente, em 1995 o enólogo Enrique Tirado se juntou à equipe e desde 1997 é o responsável pela elaboração do Don Melchor.


Enrique Tirado é conhecido por seu trabalho e constante estudo dos solos e microclimas chilenos, bem como implementação de novas tecnologias de vinificação. Além de seu trabalho como enólogo do Don Melchor, também é reconhecido por seu trabalho na elaboração do célebre Almaviva.


Desde as primeiras safras, o Don Melchor tem obtido reconhecimento da crítica especializada, já constando por algumas vezes na lista dos Top 100 da revista norte-americana Wine Spectator, inclusive por duas vezes como quarto colocado (safras 2001 e 2003), demonstrando grande consistência.

Ao contrário do que pode parecer, o Don Melchor é um corte de Cabernet Sauvignon de parcelas diversas do vinhedo Puente Alto. Cada uma das parcelas contribui com alguma característica específica, mais frutas vermelhas e/ou negras, mais mineralidade, maior ou menor acidez etc…


Desde 1997, e em alguns anos, passou-se a agregar uma pequena percentagem de Cabernet Franc (7 hectares plantados em Puente Alto) no assemblage. O objetivo é, ano a ano, expressar o terroir único de Puente Alto, muitas vezes com características específicas da safra.


Recentemente tive a oportunidade de participar de um jantar na enoteca e restaurante Cavist de Ipanema, no Rio de Janeiro, para o lançamento da safra 2010 (nova safra) do Don Melchor Cabernet Sauvignon. O evento contou com a participação do enólogo Enrique Tirado.


Na ocasião, Enrique Tirado explicou que 2010 - a vigésima-quarta colheita do Don Melchior e recém-agraciada com um nono lugar no Top 100 da Wine Spectator em 2014 -apresenta, em comparação com 2009, maior complexidade de aromas, com frutas negras, mineralidade, notas de chocolate, tabaco, grafite e um toque de fuligem. O vinho “cativa e convida a tomar e receber todas as suas expressões de sabores e aromas”, explicou Enrique. 

Já 2009 se mostrou um ano mais frio, apresentando o vinho frutas mais maduras, sendo mais fresco, vivo, e com taninos mais suaves e doces, mais pronto para beber.


A safra 2010 do Don Melchor traz também um novo rótulo, com destaque para o vinhedo Puente Alto, buscando destacar mais a filosofia por trás do vinho que privilegia o terroir de Puente Alto.


Na oportunidade, indaguei a Enrique Tirado qual era, dentre todas as safras que havia elaborado do Don Melchor, seu vinho preferido. A resposta simplesmente foi: “Todos, não temos um filho preferido…”.


Salud!

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