Como os Franceses Conquistaram o Continente Americano - Parte II (Chile)

Domingo, 8 de março de 2015

Como vimos anteriormente, os franceses, a partir da década de 1970, sobretudo após o “Julgamento de Paris” em 1976, iniciaram diversos projetos em regiões norte-americanas, com vinícolas próprias ou em parceria com produtores locais, sem prejuízo dos diversos enólogos que foram trabalhar no “novo mundo” do vinho.


Na América do Sul esta presença também se fez sentir, um pouco mais tarde, sobretudo a partir da segunda metade da década de 1990, com maior destaque para o Chile e para a Argentina.


Um dos grupos franceses pioneiros na procura por novos terroirs no Chile, foi o respeitado Domaines Barons de Rothschild Lafite (Château Lafite-Rothschild). 



Em 1988 o Domaines Barons de Rothschild Lafite adquiriu vinhedos no Chile, fundando a vinícola Los Vascos, batizada em homenagem às raízes bascas dos fundadores.


Hoje a Los Vascos produz uma série de vinhos a partir de vinhedos nos vales de Colchagua, Casabanca e Curicó, tendo como seu vinho flagship o Le Dix, um corte com predominância de Cabernet Sauvignon.


Anos depois, e seguindo os mesmo passos do projeto Opus One, a Baronesa Philippine de Rothschild  (Château Mouton Rothschild) firmou, em 1997, com Don Eduardo Guilisasti, Presidente da vinícola Concha y Toro, parceria para criar um vinho premium chileno nos moldes dos grandes vinhos de Bordeaux e que refletisse o privilegiado terroir de Puente Alto, no Valle del Maipo, no Chile. Nascia então a vinícola Almaviva.


A vinícola Almaviva produz um vinho homônimo e, nos moldes dos grandes Châteaux de Bordeaux, um segundo vinho, o Epu.


Basicamente, o assemblage do Almaviva é um corte bordalês, com predominância da Cabernet Sauvignon (o corte muda safra a safra, podendo contar ou não com determinada cepa dentre as comumente usadas em Bordeaux).


Posteriormente, em 1999, mirando o potencial do Chile como produtor de vinhos, o grupo Baron Philippe Rothschild fundou uma vinícola própria, a Escudo Rojo (tradução em espanhol do alemão Rote Shild, o emblema da família), produzindo vinhos em maiores quantidades e com preços mais acessíveis, sem olvidar a qualidade típica dos projetos do grupo.


Outra iniciativa francesa pioneira no Chile foi a Viña Aquitania dos enólogos bordaleses Bruno Prats e Paul Pontallier, que se associaram ao agrônomo e enólogo chileno de origem francesa Felipe de Solminihac.


O projeto começou a tomar forma ainda em 1984, mas apenas em 1990 foi adquirido seu primeiro vinhedo na localidade conhecida como Quebrada de Macul no vale de Maipo. A vinícola começou sua operação três anos depois, e em 2002 Felipe de Solminihac, agrônomo da região de Champagne, se associou ao grupo.


Outra vinícola de origem francesa no Chile é a renomada Lapostolle (“Francesa em essência, chilena de nascimento”) da família Marnier Lapostolle, proprietários do renomado licor Grand Marnier.

O projeto iniciado em 1994 teve inestimável contribuição para a indústria vitivinícola chilena quando, em 2008, seu vinho premium, o Clos Apalta 2005 (42% Carménère, 28% Cabernet Sauvignon, 26% Merlot, 4% Petit Verdot), se sagrou vinho número 1 na prestigiosa lista Top 100 da revista norte-americana Wine Spectator.


Como podemos ver, exemplos não faltam da grande influência francesa no Chile, havendo ainda outros projetos, como a Viña Laroche, da família Laroche oriunda de Chablis, Borgonha, ou ainda a família francesa Bouchon, que chegou no Chile ainda no século XIX.


No próximo e último post dessa série, veremos que os franceses também voltaram sua atenção ao outro lado da cordilheira dos Andes, na vizinha Argentina.


Salud!

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