Clos du Marquis

Recentemente em visita à Cidade-Luz degustei um de meus Bordeaux favoritos, o Clos du Marquis, um vinho da prestigiosa comuna de Saint Julien.

Produzido pelo célebre e respeitado Château Léoville-Las Cases, que produz um vinho homônimo de altíssima qualidade (o Grand Vin de Léoville du Marquis de las Cases ) classificado como Deuxième Cru, muitos pensam - como a vendedora da loja em que comprei a garrafa na última viagem para degustar no restaurante da mesma loja - se tratar o Clos du Marquis do segundo vinho do Château Léoville-Las Cases.

Uma confusão bem justificada, diria.

Embora o Château Léoville-Las Cases tenha sido uma das primeiras vinícolas a lançar um “segundo” rótulo e este fosse originariamente o Clos du Marquis, desde 2007 a vinícola passou a ter um “verdadeiro” segundo vinho, o Le Petit Lion de Marquis de Las Cases.

Em verdade, tecnicamente, sequer poderíamos dizer que o Clos du Marquis era o segundo vinho do Château Léoville-Las Cases.

A razão é simples. O Clos du Marquis nunca foi, desde sua criação em 1902, um vinho elaborado com uvas dos mesmos vinhedos, ou de parcelas dos vinhedos destinados ao Grand Vin de Léoville du Marquis de las Cases.

O Clos du Marquis sempre foi elaborado a partir de de um vinhedo específico chamado de Petit Clos, e que não era originariamente parte do antigo Château Léoville (que posteriormente foi dividido, e, em épocas distintas, originou os hoje famosos Léoville Poyferré, Léoville Barton e Léoville-Las Cases).

As uvas do Petit Clos não são utilizadas nem no vinho principal do Château, nem em seu segundo rótulo, o Le Petit Lion de Marquis de Las Cases.

Nem por isso, entretanto, o vinhedo Petit Clos tem sua qualidade posta em dúvida, muito ao contrário. Trata-se de um vinhedo cercado por vinhedos de tradicionais e respeitadas vinícolas bordalesas, mais especificamente Léoville Poyferré, Léoville Barton, Pichon Longueville Comtesse de Lalande, e obviamente Léoville-Las Cases.