Château Mouton Rothschild 1982

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Em 1853 o Barão Nathaniel Rothschild comprou a propriedade à época conhecida como Château Mouton de Pauillac, rebatizando-a para Château Mouton Rothschild. 


Dois anos depois, o Château Mouton Rothschild foi incluído na lista de Grand Cru Classé  do Médoc e classificado como Deuxième Grand Cru Classé.


No entanto, após o falecimento do Barão Nathaniel Rothschild em 1870, a vinícola permaneceu negligenciada, até que em 1922 o Barão Philippe de Rothschild assumiu o controle da propriedade, se tornando o grande responsável pela ressurreição do Château Mouton Rothschild.


Em 1973, o Château Mouton Rothschild foi “promovido" a Premier Grand Cru Classé, na primeira e única revisão da classificação de 1855 dos vinhos do Médoc, e após cerca de 20 anos de insistência do Barão Philippe de Rothschild junto ao Governo francês.

O Château Mouton Rothschild se notabilizou não apenas por sua qualidade, mas também por seus rótulos, que mudam ano a ano.


Em 1945 o Château Mouton Rothschild ostentou um “V” em seu rótulo desenhado por Philippe Julian para celebrar a vitória dos aliados na Segunda Grande Guerra Mundial.


De 1946 em diante o Château Mouton Rothschild passou a exibir diferentes rótulos, safra a safra, desenhados por artistas de renome, sendo que a partir de 1955 os artistas passaram a ser pagos com garrafas de vinhos.


Atualmente, o Château Mouton Rothschild dispensa maiores apresentações, sendo reconhecido como um dos grandes vinhos não apenas de Bordeaux mas de todo mundo. E degustar esse belo vinho é sempre um experiência única, memorável.

Recentemente, com um grupo de amigos, tive a grata oportunidade de degustar o legendário Château Mouton Rothschild 1982, em seu auge aos 32 anos de idade.


O Château Mouton Rothschild 1982 é considerado um dos melhores vinhos já elaborados pela vinícola, tendo recebido 100 pontos do crítico especializado Robert Parker, que apontou que o vinho poderia durar mais de cem anos.


O rótulo do Château Mouton Rothschild 1982 é um capítulo a parte, e foi desenhado por John Houston (1906-1987), que embora mais conhecido como cineasta, também era um artista. O rótulo é uma das últimas pinturas pintadas por John Houston, buscando retratar as alegrias decorrentes de um grande vinho.


Como mencionamos por algumas vezes (relembre aqui e aqui), abrir um vinho mais maduro, em especial um Bordeaux de longa guarda, demanda alguns cuidados especiais, um deles, ao meu ver, de suma importância: deixar a garrafa na vertical por cerca de 24 horas. Com essa singela providência, os sedimentos se alojam no fundo da garrafa, evitando-se sua mistura ao líquido.

Na sequência, sacamos a rolha que, embora um pouco deteriorada na parte superior, se encontrava perfeita na parte inferior, preservando, assim, o vinho.


O vinho então foi cuidadosamente vertido para um decantador, ali permanecendo por cerca de 20-30 minutos, até porque vinhos mais maduros não ganham muito com a aeração (que a depender do vinho pode ser prejudicial).


Veio então o velho conhecido momento de tensão. Teria o vinho sobrevivido? Seria realmente um vinho excepcional? Uma angústia que torna a recompensa ainda maior. 

Felizmente, o vinho se apresentava esplêndido. A cor, surpreendentemente, ainda apresentava aquele rubi dos grandes Bordeaux, não obstante o reflexo cor de telha, já acusando a idade do vinho.


No nariz, o vinho era uma paleta de aromas. Ainda mantinha frutas vermelhas e negras, como cassis, mirtilos, groselha. Apresentava ainda aromas de caixa de charuto, cedro e um pouco de baunilha, além de terra e couro.

Na boca, o vinho era grandioso, com taninos presentes que demonstravam sua capacidade de envelhecimento e guarda. Os taninos eram extremamente macios, aveludados, diria. 


Em suma, um belíssimo vinho, uma experiência única e memorável. Pena que só tínhamos uma garrafa…


Salute!

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