Champagnes Grand Cru e Premier Cru: a Échelle des Crus

Sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O Champagne, um dos vinhos mais famosos do mundo, é um vinho espumante único proveniente de um terroir particular da região homônima. Um terroir extremo, em clima frio, com solos de giz e do período kimmeridgiano (solo argiloso e com alto teor de calcário formado por fósseis marinhos pré-históricos), produzindo vinhos com uma estimulante acidez. 


A maior parte dos vinhos de Champagne (nos referimos à AOP Champagne, exclusiva para vinhos espumantes) são vinhos não safrados, ou melhor dizendo, vinhos de múltiplas safras. Em outros termos, são vinhos com misturas de diversos vinhos base de safras distintas, com o objetivo de manter o estilo de cada Maison, ano após ano, buscando uma blindagem das intempéries de algumas safras. Correto, pois dizer, que são, em sua maior parte, vinhos de enólogo e não da vinha. 

Obviamente, há exceções, e em anos excepcionais as Casas de Champagne lançam vinhos safrados, inclusive seus vinhos tops, os Téte de Cuvée – e.g. Veuve Cliquot La Grande Damme; Louis Roederer Cristal; Henriot Cuvée des Enchanteleurs; Gosset Celebris; Pol Roger Cuvée Winston Churchill etc....


Por outro lado, não raro podemos nos deparar com as designações Grand Cru ou ainda Premier Cru nos rótulos das garrafas de Champagne. Mas afinal, que elas significam? Qual a sua importância?


Ao contrário da Borgonha com múltiplas AOPs (Appellation d'Origine Contrôlée) com foco na localidade e/ou no vinhedo em si, em Champagne há apenas uma única e grande apelação de origem protegida para os vinhos espumantes da região (os vinhos “tranquilos” se enquadram ou na AOP Rosé de Riceys - 100% vinhos rosados tranquilos –, ou na Coteaux Champenois - 100% vinhos tranquilos, brancos, rosados e tintos).

Dentro da AOP Champagne, ao contrário do que acontece na Borgonha ou na Alsácia em que vinhedos são classificados como Crus, em Champagne são os villages inteiros que são classificados como Grand Cru ou Premier Cru juntamente com todos os seus vinhedos como algo único, e não apenas vinhedos específicos.


Um mesmo produtor pode elaborar um vinho Grand Cru com uvas de diferentes vinhedos oriundos de um vilarejo ou mais vilarejos classificado (s) como Grand Cru e ostentar no rótulo a nomenclatura Grand Cru. O mesmo ocorre com os vinhos Premier Cru.


Note-se que há vilarejos classificados apenas para uvas brancas, outros apenas para uvas tintas. Por exemplo, Chouilly é classificado como Grand Cru apenas para uvas brancas e não para tintas, enquanto com Tours-sur-Marne ocorre o contrário.


Há 17 vilarejos classificados como Grand Crus (6 em Côtes des Blanc; 9 em Montagne de Reims e 2 no Vallée de la Marne). Já como Premier Cru há 42 villages assim classificados. Os demais (mais de duas centenas) são classificados como Cru Village.


Esse sistema de classificação é chamado de Échelle des Crus e foi criado em 1911 justamente para diferenciar a qualidade de diferentes terroirs na região de Champagne. 


Assim, os villages de Champagne com seus vinhedos foram classificados em uma escala de 80% a 100%. Os Grand Crus detêm 100% e aqueles entre 90-99% são classificados como Premier Crus.


Até o fim de 2002, o Comité Interprofessionel du Vin de Champagne – CIVC fixava os preços das uvas por quilo a partir dos vilarejos Grand Cru (100%) e os demais tinham os preços do quilo de suas uvas fixados conforme o respectivo percentual. Hoje os preços são negociados em contratos individuais, não mais seguindo esse tabelamento especial. 


Porém, os termos Grand Cru e Premier Cru continuam a ser utilizados, e embora possa parecer estranha a ideia de classificar um vilarejo inteiro em vez dos vinhedos individualmente, o fato é que essa classificação se baseia na longa experiência dos vignerons champenois e mostra como eles lidam e encaram seu terroir.

Obviamente, por ser uma classificação antiga e baseada nos vilarejos, pode haver distorções, com determinados Premier Crus apresentando um nível de qualidade (por conta do vinhedo específico utilizado) maior que um Grand Cru. Essa é uma crítica comum ao atual sistema de classificação. 


De qualquer forma, a classificação serve como um guia de qualidade para vinhos de produtores menores, mais artesanais, fora do circuito das grandes maisons de Champagne.


Santé!

Lista de Grand Crus de Chamapgne: Ambonnay, Avize, Aÿ, Beaumont-sur-Vesle, Bouzy, Chouilly, Cramant, Louvois, Mailly Champagne, Le Mesnil-sur-Oger, Oger,Oiry, Puisieulx, Sillery, Tours-sur-Marne, Verzenay e Verzy.


Lista de Premier Crus de Champagne: A) 99%: Mareuil-sur-Ay, Tauxieres; B) 95%: Bergeres-les-Vertus, Billy-le-Grand, Bisseuil, Chouilly (apenas uvas tintas), Cuis (apenas uvas brancas), Dizy, Grauves (apenas uvas brancas), Trepail, Vaudemanges, Vertus, Villeneuve-Renneville, Villers-Marmery, Voipreux; C) 94%: Chigny-les-Roses, Cormontreuil, Ludes, Montbre, Rilly-la-Montagne, Taissy, Trois-Puits; D) 93%: Avenay, Champillon, Cumieres, Hautvillers, Mutigny; E) 90%: Bezannes, Chamery, Coligny (apenas uvas brancas), Cuis (apenas uvas tintas), Ecueil, Etrechy (apenas uvas brancas), Grauves (apenas uvas tintas), Jouy-les-Reims, Le Mesneux, Pargny-les-Reims, Pierry, Sacy, Tours-sur-Marne (apenas uvas brancas), Villedommange, Villers-Allerand, Villers-aux-Noeuds.

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